A disseminação de contas internacionais, aliada à cultura de trabalho remoto para empresas de qualquer lugar do mundo, ampliou as possibilidades de remuneração em moeda estrangeira para os brasileiros nos últimos anos.
Essas contas permitem transações diretamente no exterior. Por meio delas é possível receber pagamentos de outros países e em outras moedas, ter um cartão de débito para compras e saques internacionais, realizar transferências rápidas e fazer investimentos.
Com tantas funcionalidades, é mais vantajoso para quem recebe em dólar transferir o valor para real ou manter o dinheiro no exterior? E os investimentos: vale mais trazê-los para o Brasil ou aplicar em ativos internacionais?
A assessora de investimentos Luciana Ikedo afirma que tudo depende do fluxo financeiro mensal de cada um. Segundo ela, assim como uma pessoa que recebe o salário em moeda local, o ideal é que haja uma divisão financeira para os diferentes aspectos da vida: contas mensais, gastos da rotina e investimentos. Para contas mensais e gastos de rotina, os pagamentos para quem vive no Brasil são necessariamente feitos em reais.
A recomendação é realizar um controle mensal desses valores, e um planejamento prévio para investimentos. A divisão sugerida é 50-30-20: 50% da renda líquida para despesas fixas mensais, 30% para gastos variáveis de rotina e 20% para a reserva financeira ou investimentos.
É importante ter uma reserva de emergência em reais se a pessoa reside no país. Caso esse montante já exista, é possível pensar em investimentos internacionais, principalmente para quem tem a intenção de viajar ou se mudar no futuro
Outro planejamento que o economista André Galhardo, da Remessa Online, indica que profissionais que recebem em dólar façam é em relação ao câmbio. O preço do dólar varia diariamente conforme as negociações no mercado financeiro, o que dificulta o cálculo mensal.
Em 2023, a moeda norte-americana perdeu valor frente ao real. Em janeiro, o dólar bateu a cotação de R$ 5,48. No último dia útil de dezembro, entretanto, a moeda americana foi aos R$ 4,85 – uma desvalorização de 8% no período.
Uma mudança dessa magnitude significa que um dólar compra menos reais no momento da conversão. Bom para quem pensa em viajar ou investir, mas ruim para quem recebe em dólares e precisa converter.
Atualmente, os juros dos EUA estão entre 5,25% e 5,5% ao ano, enquanto a taxa Selic do Brasil está em 11,75% ao ano. Entretanto, os títulos públicos dos Estados Unidos tem o rendimento em dólar – uma moeda considerada forte e com mais liquidez no mercado internacional.
Mas saber o momento ideal de conversão é tarefa difícil. “Não sabemos como estará o dólar no mês que vem. Então, para quem recebe valores regulares em moeda estrangeira, o mais importante é ter estratégia e planejamento para não paralisar diante da volatilidade”, diz Ikedo.
Custo do dólar
Toda conversão de câmbio envolve alguns custos, como taxa de serviço (spread) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), além da oscilação do valor do dólar comercial no momento da conversão. As diferentes contas internacionais cobram diferentes spreads. De modo geral, os valores variam entre 0,99% e 2,5%, com algumas empresas oferecendo descontos para clientes assíduos ou para valores altos de conversão.
O IOF tem duas opções de valores: 0,38% para operações entre contas de titularidades diferentes e de 1,1% para a mesma titularidade. Os especialistas indicam consultar as diferentes opções de contas internacionais disponíveis para conseguir os melhores valores de conversão, diante das frequências de transferências feitas.